quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ilustre ilustrador










As ilustrações aí de cima são do Douglas. O cara é craque. E não pense a freguesa que ele só faz isso na vida. Ele também faz Pum.
• Celso Paraguaçu •

O Pum do Douglas

Está enganado quem pensa que o Douglas só desenha, toca blues e MPB, conversa, bebe e webmastereia. Ele também escreve, como Guy de Maupassant, Edgar Alan Poe e o mais lucrativo discípulo deste, Stephen King. Aí vai um conto do Douglas, “Pum”:

Abriu os olhos de repente e olhou para o relógio. Ainda é cedo, pensou. Dá para dormir mais um pouco. Sentia uma enorme vontade de peidar. Olhou para o lado. Viu a esposa dormindo. Ela já vinha reclamando há algum tempo dessa desagradável flatulência. Já tinha até tirado sarro dele na frente das amigas por conta desse flato, ou melhor, fato. Estava começando a pegar pesado.
Não deu pra aguentar. Um peidinho só não faria mal. Fechou os olhos e abriu os pensamentos. Haaa! Não foi tão peidinho assim mas foi silencioso pelo menos. Porém, a vontade não passou.
Começou então uma estratégia para um segundo peido mas o novo flato se adiantou involuntariamente. Começou fraquinho e foi aumentando.
Ele deu um pulo da cama e correu para o banheiro. De forma inexplicável o peido não queria parar. Não fazia o tradicional barulho de bufa e nem tinha cheiro. Só que não parava mais.
Que coisa mais esquisita isso. O que estaria acontecendo? Só poderia estar sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo. O peido continuava.
O que fazer? Nem pensar em acordar a mulher ou a filha. Aquilo era desconcertante. O peido não parava mais.
Precisava fazer alguma coisa. Ir a um pronto-socorro, hospital, igreja, sabe-se lá o que. Vestiu um roupão, pegou as chaves do carro e saiu correndo do apartamento. Resolveu descer pela escada. O "flatídico" vento não parava de sair. Somente era cortado pelo movimento de descer ou degraus.
Abriu o carro desesperado, se jogou no banco e fechou a porta. Aonde ir? Ficou pensando com olhos arregalados. Todos os três.
Batucava aflitamente no volante enquanto aquele peido eterno continuava. Foi quando percebeu algo mais estranho. O volante havia crescido. Estava bem maior. O roupão que vestia estava maior. Ou ele estaria menor? O que? Parece que estou diminuindo… Pensou.
Sim, ele estava diminuindo. Já não conseguia mais ver o capô do carro. Estava mais baixo que o volante, e continuava a diminuir rapidamente. Seus pés já não tocavam o chão. Percebeu que estava minúsculo. Parecia um boneco de brinquedo sobre o banco do carro.
Pulou do banco e se pendurou no trinco da porta, o que fez a mesma se abrir. Ficou dependurado um tempo mas suas mãos já estavam pequenas demais para conseguir segurar o trinco. Caiu.
Caiu mas não chegou tocar o chão. Simplesmente não tocou em mais nada sólido. Dissipou-se.
No apartamento, Paulinha entrou na cozinha. A mãe punha o café na mesa. Cadê o pai, mãe? Perguntou. Deve ter saído bem cedinho hoje, disse a mãe, nem quis tomar café. Acho que os cereais não estão fazendo bem para ele.

• Douglas •